quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Fred Morto

Se você tiver algum creepypasta, mande para damasegames@gmail.com

Esse foi mencionado pela primeira vez pelo Luiz.


"Era tarde da noite, eu estava voltando para casa de um jantar com a minha família. No meu caminho, eu passei pelo cemitério local, e decidi visitar o túmulo de recém-falecido amigo meu. Era um tanto sinistro, passar por todas aquelas pedras escuras e árvores naquele mar de sepulturas, mas eu queria fazer isso, eu queria vê-lo.
Se ao menos eu não tivesse feito isso. Se ao menos eu tivesse continuado dirigindo naquela noite, chegado em casa, e me escondido debaixo dos cobertores. Mas não foi o que aconteceu. Eu estava um pouco bêbado por causa da festa, e caminhar por um cemitério de madrugada me pareceu uma boa idéia.
Eventualmente, tateando no escuro, eu encontrei o túmulo. Assim que encontrei o pedaço de pedra que anunciava insensivelmente a partida de meu amigo, fiquei surpreso ao ver um disco lá, entre as flores.
O disco não tinha uma etiqueta profissional; era o tipo que você pode comprar às centenas, o tipo em que você queima arquivos. Estava numa caixa de CD normal, sem nada escrito. As únicas palavras estavam rabiscadas no adesivo branco do disco; usando meu celular para iluminá-lo, eu li duas palavras lá, feitas apressadamente com marcador permanente.
Dizia “Fred Morto”.
O que realmente me deixou perplexo foi a letra; era a letra do meu amigo. Ele tinha uma locadora, com centenas de velhas fitas VHS que não podiam ser encontradas em nenhum outro lugar. Ele havia escrito as etiquetas à mão, e aquilo parecia combinar com título do disco... E, depois de seu recente suicídio, seu último bilhete havia sido encontrado, repleto de frases ininteligíveis na mesma letra garranchada.
Intrigado, eu imaginei quem poderia ter deixado isso ali. Eu não havia visto ninguém com o CD no funeral.
Lágrimas estavam começando a queimar meus olhos. Eu sentia tanta saudade do meu amigo, e esse disco devia ser algo muito importante para ele, para estar no seu túmulo desse jeito. Então por que ele não tinha me contado sobre isso? Nós contávamos tudo um para o outro. Não era certo que ele guardasse esse segredo para si mesmo, levando-o consigo para o túmulo.
Como ele ousava me deixar de fora?
Preso numa raiva bêbada, eu limpei as lágrimas dos meus olhos e saí do cemitério, o disco na minha mão.
Só depois, quando cheguei em casa e coloquei o CD no meu computador, percebi o que havia feito. Eu havia pegado algo do túmulo do meu melhor amigo, algo sobre o qual eu não sabia nada. Não era correto; isso era pior do que ele guardar segredos de mim.
Amargamente, eu fui ejetar o disco antes que o menu com “O QUE VOCÊ QUER FAZER? REPRODUZIR CD COM ITUNES, VER ARQUIVOS” aparecesse, quando, inesperadamente, um vídeo se abriu.
Isso me surpreendeu por dois motivos: primeiro, eu achava que o disco continha áudio, imagem, ou arquivos de texto. Eu nem tinha pensado que poderia ser vídeo. Segundo, o computador nem me perguntara se eu queria abrir o vídeo com tal e tal programa. Ele simplesmente começou a passá-lo.
Era um episódio de “Coragem, o Cão Covarde”, o desenho favorito do meu amigo. Eu nunca tinha gostado muito do desenho. Sempre achei muito perturbador, e só assisti a primeira temporada. Então, quando o título “Fred Morto” apareceu na tela, eu não sabia que havia algo errado. Eu havia visto o episódio original “Fred Esquisitão” uma vez com meu amigo, e achei que era só mais um episódio estrelando o insano barbeador poético.
Com nojo de mim mesmo por ter pegado o CD, eu fui fechar o vídeo, mas meu mouse havia travado. As teclas também não surtiram efeito, então eu relutantemente aumentei o volume e comecei a assistir ao vídeo.
Começou exatamente como “Fred Esquisitão”, com Fred no ônibus e Muriel colocando o lençol rosa na cama. Fred não estava recitando seu poema, porém; na verdade, parecia que não havia áudio.
Eu achava que esse era só o episódio original com o título mudado até que vi Coragem. O pequeno cachorro estava olhando pela janela, encarando Fred com uma mistura de medo e malícia em seus olhos.
Coragem desviou o olhar da janela e encarou furiosamente o nada... Então ele começou a ter flashbacks. Tudo pelo que ele teve que passar, todo o terror, todo o abuso, tudo recaiu sobre ele de uma só vez.
Coragem estava chorando em seu copioso estilo animado enquanto descia as escadas e ia até o porão. Ele começou a vasculhar um baú, tirando de lá vários objetos (uma feia máscara, uma cabeça encolhida, e outros objetos que combinavam com a perturbadora marca registrada do desenho), até que encontrou uma espingarda de cano duplo cartunizada, lágrimas correndo por seu rosto.
Voltando para o andar de cima, ainda carregando a arma, ele parou, mirando na porta, sua patinha no grande gatilho. A aventureira música de fundo começou a tocar; porém, o vídeo ainda não tinha nenhum efeito sonoro.
Muriel desceu as escadas animadamente (acho que a campainha havia tocado, mas eu não podia ouvir nada) e abriu a porta para receber seu sobrinho.
Ali estava Fred, com seu grande sorriso e cabelo bagunçado, parecendo mais esquisitão do que nunca. Ele abriu sua boca para falar, olhou para baixo, e viu Coragem parado ali, a espingarda trêmula apontada para seu peito. Um olhar de choque e medo surgiu em Fred antes que um tiro soasse pela casa.
Com “casa”, eu quero dizer MINHA casa. O tiro foi a única coisa com som além da música, e eu caguei tijolos.
Eu estava esperando que uma bandeira com a palavra “bang” saísse da arma, mas não. Fred cambaleou para trás enquanto sangue escarlate jorrava de seu peito, tingindo tudo pela casa de vermelho. Ele caiu no chão, morto. Muriel começou a chorar. Coragem parecia horrorizado com o que havia feito, e correu para o andar de cima. Trancou-se no banheiro, exatamente como o que acontece no episódio original.
Nesse ponto, eu estava um pouco chocado. Isso era perturbador, mesmo para um desenho como Coragem. Pelos próximos minutos, Coragem ficou sentado no chão, solução, o pêlo empapado de sangue. Então, palavras começaram a sair das minhas caixas de som, longas e baixas.
“Olá, novo amigo.”
Coragem olhou para cima, olhou ao redor, e não viu nada.
“Meu nome é Fred.”
Coragem levantou-se e virou-se. Ele foi até a janela, tentando descobrir de onde vinha a voz. Muriel e Eustácio podiam ser vistos carregando o corpo até o caminhão do velho, uma trilha de sangue sendo deixada para trás. Muriel ainda estava chorando.
“As palavras que ouve estão em seu pensamento.”
Coragem afastou-se da janela, olhando para a espingarda ao seu lado. Os flashbacks retornaram, tudo do que já fora chamado, todas as vezes que havia arriscado a vida sem receber uma recompensa, todas as coisas horríveis que já havia visto. Todas as coisas que Eustácio havia feito para ele, mesmo depois de ter se esforçado tanto.
“E Fred é meu nome neste momento.”
Coragem pegou a arma, equilibrando o cano no parapeito, mirando na cabeça de Esutácio.
“E você tem sido muito...”
Coragem apertou o gatilho. Numa fração de segundo, a cabeça de Eustácio explodiu. Ele caiu em cima do corpo de Fred.
“Crueeeeeeel...”
Muriel gritou silenciosamente. Não houve barulho de tiro desta vez; o áudio ainda estava ausente, exceto pelo assustador poema.
Enquanto Coragem apontava a arma para si mesmo, eu arranquei o fio do computador da parede. Levantei, andando pelo quarto, bastante perturbado. No último bilhete do meu amigo, a palavra “cruel” repetia-se diversas vezes.
“Olá, novo amigo.”
Eu pulei. Eu devia ter deixado as caixas de som ligadas, e só desligado o computador. Apesar de que o vídeo também teria sido desligado, então isso não fazia sentido.
Eu voltei para desligar as caixas de som, mas vi que elas já estavam desligadas.
“Meu nome é Fred.”
Eu havia desligado-as depois do primeiro tiro... Muito antes de começar a ouvir o poema.
“As palavras que ouve estão em seu pensamento.”
Elas estavam no meu pensamento. E estavam lá desde que eu começara a assistir a aquele vídeo.
Eu não agüento mais. Eu estou ficando louco... Fiquei louco, acho... Ou talvez eu só me tornei mau.
Isso é demais. Eu vou agora. Eu tinha de contar para alguém, então estou contando para você...

Adeus, meu amigo, pois estarei morto.
Passarei uma bala pelo meu corpo.
Estou feliz que tenha lido tudo o que eu disse.
Mas, agora, devo fazer algo...
Crueeeeeel...

Olá, novo amigo.

(Não mencione nenhum começo alternativo. Não mencione nenhum começo alternativo, eu digo neste momento. Ou farei algo...
Crueeeeeel...)"

Original: Creepy+Pasta

4 comentários:

  1. Okay,não vo falar nada sobre algum começo alternativo.

    É fraca essa,mas com um começo alternativo que a Ligia disse pra não comentar daria sentido em pequenas coisinhas de nada...as mesmo assim é boa essa,pena que o cara não morreu no fim. .sad

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  2. Eu não lembro desse episódio do Coragem, provavelmente eu vi mas não me lembro. O que deve explicar o susto ABSURDO que eu levei com a imagem no final do texto.
    Demorei uns minutos criando coragem pra ver a imagem de novo, e ela não tem nada de mais. Porra Ligia!

    BTW, gostei desse. Nonsense mas bem escrito.

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  3. Alguns episódios do coragem assustam muito mais doque qualquer creepy...

    Se não acreditam crianças, procurem por "casa do descontentamento", que deve ser da segunda temporada...

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  4. @BadiTexugo
    Será mesmo que ele não morreu?

    @thewarsong
    Era um episódio que não passava muito, ele era um pouco ofuscado pelos episódios mais recentes.
    E esta é a sutil arte de assustar as pessoas com praticamente nada. :D

    @Anônima
    Com certeza. E, por ser um desenho infantil (se bem que aquele negócio NÃO era pra criança), isso dava um ar muito mais perturbador.

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