quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Pale Luna

Se você tiver algum creepypasta, mande para damasegames@gmail.com




Desde a última década, ficou infinitamente mais fácil obter exatamente o que você está procurando, apenas digitando-se algumas palavras. A Internet tornou tudo simples, usando um computador para mudar a realidade. Uma abundância de informação está a um mero buscador de distância, e isso tudo chega a um ponto em que é difícil imaginar a vida de um modo diferente.

Ainda assim, uma geração atrás, quando as palavras “streaming” e “torrent” não tinham quase sentido algum, a não ser em conversas em inglês sobre água, as pessoas encontravam-se frente a frente para trocar softwares, dando uma à outra jogos e aplicativos em disquetes.

Claro, na maioria das vezes, esses encontros eram formas de indivíduos trocarem jogos populares como King’s Quest e Maniac Mansion entre si. Porém, alguns talentos precoces em programação criavam seus próprios jogos de computador para compartilhá-los em seus círculos de amigos, que, por sua vez, passariam para frente, até que, se o game fosse bom e divertido o bastante, um jogo desenvolvido independentemente teria seu lugar na coleção de aficionados através do país. Pense nisso como o equivalente a um vídeo viral dos anos 80.

Pale Luna, ao contrário, nunca circulou fora da área da Baía de São Francisco. Todas as cópias conhecidas foram descartadas há muito tempo, todos os computadores que já rodaram o jogo agora jazem enterrados sobre camadas de sujeira e poliestireno. O fato é atribuído ao número de escolhas de design um tanto absurdas feitas pelo programador.

Pale Luna é uma aventura-texto parecida com Zork e The Lurking Horror, num tempo em que tal gênero estava rapidamente saindo de moda. Ao iniciar o programa, era apresentada ao jogador uma tela quase totalmente vazia, exceto pelo texto:

-Você está num quarto escuro. A luz da lua brilha através da janela.

-Há OURO num canto, junto com uma PÁ e uma CORDA.

-Há uma PORTA a LESTE.

-Comando?

E então começava o jogo que um escritor de um fanzine há muito saído de circulação descreveu como sendo “enigmático, sem sentido, e completamente não-jogável”. Como os únicos comandos que o jogo aceitava eram PEGAR OURO, PEGAR PÁ, PEGAR CORDA, ABRIR PORTA, IR LESTE, o jogador logo se deparava com o seguinte:

-Pegue sua recompensa.

-PALE LUNA SORRI PARA VOCÊ.

-Você está numa floresta. Há caminhos para o NORTE, OESTE, e LESTE.

-Comando?

O que rapidamente enfurecia os poucos que jogaram o game era a confusa e estranha natureza da segunda tela dali em diante – apenas uma das decisões direcionais seria a correta. Por exemplo, nessa ocasião, um comando para ir numa direção que não fosse NORTE iria fazer o sistema travar, obrigando o operador a reiniciar a máquina.

Quaisquer telas subseqüentes iriam meramente repetir o texto acima, a única diferença sendo as direções disponíveis. Pior, os comandos padrões de aventuras-texto pareciam ser inúteis: os únicos comandos não-relacionados a movimento eram USAR OURO, o que fazia o jogo mostrar a mensagem:

-Não aqui.

USAR PÁ, o que trazia:

-Não agora.

E USAR CORDA, o que acionava o texto:

-Você já usou isso.

Muitos dos que jogaram avançaram algumas telas antes de se entediarem por terem que constantemente reiniciar o computador e jogaram fora o disquete, considerando a experiência apenas uma farsa mal-programada. Porém, há uma coisa sobre o mundo dos computadores que continua sendo verdade, não importa a época: algumas pessoas que os usam têm muito tempo em mãos.

Um jovem de nome Michael Nevins decidiu ver se havia algo mais em Pale Luna. Cinco horas, trinta e três telas, e várias reinicializações depois, ele finalmente conseguiu fazer com que o jogo mostrasse um texto diferente. O texto nessa nova área dizia:

-PALE LUNA DÁ UM GRANDE SORRISO

-Não há caminhos

-PALE LUNA DÁ UM GRANDE SORRISO

-O solo é macio

-PALE LUNA DÁ UM GRANDE SORRISO

-Aqui

-Comando?

Levou mais uma hora antes que Nevins conseguisse descobrir a combinação certa de frases para progredir ainda mais no jogo; CAVAR BURACO, LARGAR OURO, então ENCHER BURACO. Isso fazia com que a tela mostrasse:

-parabéns

_____40.24248_____

_____-121.4434_____

Depois disso, o jogo parava de aceitar comandos, obrigando o usuário a reiniciar uma última vez.

Depois de pensar um pouco, Nevins chegou à conclusão de que números se referiam a linhas de latitude e longitude – as coordenadas levavam a um ponto numa grande floresta, denominada Lassen Volcanic Park. Como possuía tempo livre demais, Nevins decidiu ver Pale Luna por inteiro, até o seu fim.

No dia seguinte, armado com um mapa, uma bússola, e uma pá, ele navegou pelas trilhas do parque, notando com divertimento que cada virada que dava correspondia àquela que havia dado no jogo. Apesar de inicialmente ter se arrependido de trazer o instrumento de escavação, a similaridade do caminho apenas confirmou suas suspeitas de que a jornada terminaria com ele encontrando o tesouro enterrado de um milionário.

Sem fôlego depois de uma luta com as coordenadas, ele foi deliciosamente surpreendido por literalmente topar em um ponto onde a terra era desigual. Cavando animadamente, seria pouco dizer que ficou espantado quando desenterrou a cabeça em decomposição de uma menininha loira.

Nevins prontamente reportou a situação para as autoridades. A garota foi identificada como Karen Paulsen, 11, seu desaparecimento notificado para o Departamento de Polícia de San Diego um ano e meio antes.

Apesar dos esforços da polícia para rastrear o programador de Pale Luna, a área quase anônima na qual as trocas de softwares ocorriam inescapavelmente levou a muitos becos sem saída.

Colecionadores já chegaram a oferecer uma incrível quantia de dinheiro por uma cópia autêntica do jogo.

O resto do corpo de Karen nunca foi encontrado.

9 comentários:

  1. Muito boa, mas no momento dos numeros, foi previsivel.

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  2. eu acho que cada jogador que fechar o jogo recebera uma cordenada diferente e assim pegar uma parte do jogo ou seja todos as copias teriam de ter sido mantidas

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  3. >Quando falar com ela, use norma culta

    >Vadias adoram norma culta

    -=-=-=-=-=-=-=-

    é tipow megaman X, mas esse capacete é difícil de usar, claro. entretanto, com uma colher e criatividade...

    aliás, o X é beeeeeeeeeeeeeem mais forte que o Zero. Tem upgrades!

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  4. ....AWESOME.
    Sério, eu sou muito tapada com números, nem me toquei que eram referentes a latitude e longitude...mas muito bom!
    Como você disse que tá sem creepypastas, eu achei um pequenininho e um pouco sem graça, mas eu adoro creepypasta que explica desenhos animados, vê se te interessa: http://2218.tumblr.com/post/8541534158
    Tem um semelhante dos Rugrats, não sei se você já viu, se quiser eu procuro pra te mandar e panz :)

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  5. @Berre Sisc
    Eu não previ... '-'

    @Marcos
    Talvez... Mas creio que era um jogo simples demais pra isso.

    @luiz
    "entretanto" Nunca ouvi ninguém falando entretanto. Só em livro mesmo.
    Mas o Zero é muuuuuuito mais cool.

    @thewarsong
    Também não percebi, hehe.
    AWWWWW YEEEAAAAH, finalmente um Tumblr decente de creepypastas! Preciso dar follow nisso.
    Enfim, adorei a do Coragem. É curtinha, mas acho que nem precisa de mais. Só de explicar já tá bom. :>
    O que eu vi dos Rugrats é o que explicava que é tudo imaginação da Angélica e coisa tal, era até longo. Uma pena que eu não guardei...

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  6. Ligia, o outro do Rugrats é (pra variar) um episódio perdido que conta sobre a morte da mãe do Chuck.
    http://creepypasta.wikia.com/wiki/Rugrats_Lost_Episode:_Chuckie's_Mom

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  7. I love serial killers!!! E este é engenhoso. quero ser um quando crescer.

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  8. @thewarsong
    Ah, sim, esse eu tinha lido já faz um bom tempo. Foi uma bela maneira de acabar com uma infância...
    Tem esse de Du, Dudu, e Edu também: http://funnyjunk.com/funny_pictures/1707729/Ed+Edd+n+Eddy+The+Truth/

    @Anon
    It's fucking awesome!

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