quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Não se deve brincar com glitches

Feliz quinta-feira-de-creepypasta-véspera-da-véspera-de-Natal! Entenderam? Nem eu.
Eu devia procurar creepypastas que não fossem sobre Pokémon, mas esse é, provavelmente, o jogo mais explorado em toda a internet. Em todos os sentidos.
Bom, autor desconhecido, local original de postagem desconhecido, vamos ao relato.


"Você se lembra quando descobriu os glitches de Pokémon pela primeira vez?
Eu me lembro. Verão, 1999, no Clube de Verão Kingswood. Pokémon Red e Blue tinham sido lançados no ano anterior, quando eu tinha 8 ou 9 anos. A febre de Pokémon estava com força total aqui no Reino Unido – todo dia eu trazia meu Gameboy Colour amarelo-Pikachu, com Pokémon Red permanentemente colocado no topo. Eu e meus amigos nos juntávamos com nossos Cabos Link para sessões épicas de troca e batalha que duravam o dia todo, ou até os nossos pais virem nos levar para casa.

Por volta do meio do verão, nosso “grupo” estava começando a sentir como se nós já tivéssemos visto e feito tudo. Claro, eu não acho que nós já tivéssemos pegado todos – na época, isso parecia impossível. Nós tínhamos upado até o nível 100, derrotado a Elite 4 mais vezes do que podíamos lembrar. O jogo estava começando a perder sua magia, e ainda havia mais 4 longas semanas de verão pela frente. E então, nós vimos Missigno.
Eu me lembro do primeiro garoto que eu conheci que tinha ele – ele nos contou que seu irmão havia lhe mostrado como capturar esse Pokémon super raro e incrível. Nós ficamos ao redor enquanto ele revelava aquele Pokémon para nós – aquela forma de “L” ao contrário mágica e distorcida que guardava a chave para Rare Candies infinitos. Nós nos apaixonamos instantaneamente e ficamos morrendo para ter um desses Pokémon raros só para nós – então ele nos passou o segredo e nos mostrou como.

Nos próximos dias, nosso pequeno grupo ficou viciado em glitches. Nós vasculhamos revistas, à procura nos mais novos bugs e truques – visitamos Glitch City, batalhamos todos os tipos de Pokémon de nível alto na costa de Cinnabar – nós até capturamos Mew.
Mas tinha um glitch sobre o qual eu nunca consegui achar informações desde aquele tempo. O mais engraçado é que eu não consigo lembrar os detalhes para ativá-lo, mas eu me lembro do resultado – Glitchlett. A técnica para achar esse carinha seguia o padrão de um monte de bugs tediosos para encontrar Pokémon em Red e Blue – falar com esse cara, voar para esse lugar – podia ter algo a ver com Celadon, mas eu não tenho certeza.
Glitchlett era o que você esperava – um Diglett de glitch. O sprite era quase intacto, mas o rosto era distorcido, no estilo Missingno. Havia algumas linhas distorcidas passando por ele, como linhas escaneadas, e o som era um pouco estranho também, mas eu não consigo dizer exatamente o que tinha de esquisito. O seu nível nunca ficava visível, mas eu acho que estava acima de 100, já que quase não conseguimos machucá-lo enquanto tentávamos capturá-lo. A maioria de nós apelou para uma de nossas muitas Masterballs clonadas.
Nós o apelidamos de Glitchlett, e, naquela noite, ficamos testando o que ele podia fazer.

No dia seguinte, nós nos encontramos para comprar resultados – nesse ponto, todos nós nos considerávamos especialistas em glitchs de Pokémon. As experiências com Glitchlett variavam – um menino disse que ferrou tanto o jogo dele que ele não pôde mais jogar e teve que resetar. Outros disseram que tentaram batalhar com o Glitchlett, mas o game dava pau toda vez que tentavam. Eu tive sorte nas batalhas com o novo Pokémon. Seu único ataque era DIG, e ele não podia aprender nenhum HM ou TM, mesmo aqueles que você espera que um Diglett aprenda. Contra Pokémon selvagens, Glitchlett era o todo-poderoso – ele nunca perdia PP, e, juntos, nós nocauteávamos todos os Pokémon que cruzavam nosso caminho.
Mas o ataque em si era... Esquisito. Tomava dois turnos como normalmente acontece, mas depois do primeiro turno, ele era atingindo com um tipo de dano. Não havia outra explicação a não ser “Diglett was hurt!” (Diglett foi ferido), e aquele som esquisito, mas isso nunca tirava muito HP dele. O HP de Glitchlett era maior do que tudo o que eu já havia visto, e porque tomava apenas um DIG para destruir qualquer Pokémon selvagem, isso nunca foi um problema. Eu arrasava o time dos meus amigos durante as batalhas, e ele massacrou a Elite 4.

Eu me lembro quando as coisas ficaram ainda mais estranhas. Eu estava upando um time usando o Exp. Share – destruir Pokémon selvagens usando Glitchlett parecia ser a escolha óbvia e eu deixei muitos Pokémon no nível 100 dessa maneira no passado. Eu tinha acordado cedo naquela manhã apenas para upar, e tinha passado o dia nocauteando Pokémon selvagens. Naquele momento, eu estava embaixo dos cobertores com a luz do meu confiável Gameboy Colour – minha mãe ficaria furiosa se soubesse que eu não estava dormindo naquela hora. Tudo estava indo de acordo com o plano e meu novo time estava upando lindamente. Eu devia estar me concentrando demais, porque já era muito tarde quando eu percebi o quão baixa a vida de Glitchlett tinha ficado. Eu selecionei DIG pela última vez e assisti-o começar a descer no chão... como esperado, eu recebi a mensagem “Diglett was hurt!”. Eu ouvi aquele som agudo, agora mais alto do que antes, e meu estômago embrulhou enquanto eu via a barra de vida dele ir até zero. A barra se encheu novamente e pareceu esvaziar quatro ou cinco vezes antes que Glitchlett repetisse seu som de morte – agora um barulho horrível.
“Diglett was killed! Do you want to use the next Pokémon?” (Diglett foi morto! Você quer usar o próximo Pokémon?)
Eu sei que isso é clichê nesse tipo de histórias, mas eu me lembro do que se seguiu vividamente. Selecionei “NO” – os outros membros do meu time não teriam conseguido machucar o Pokémon inimigo mesmo. Fui transportado de volta para o mundo e me vi de volta à Unknown Dungeon. Abri o menu de Pokémon para confirmar o que tinha visto antes – meu amado Glichlett no topo do time, vida reduzida à zero. Eu o selecionei, não tenho certeza que bem isso poderia ter feito... e percebi que algo estava diferente. Talvez estivesse lá antes, mas eu teria percebido que DIG agora estava agora selecionável fora da batalha.

Eu pensei por um momento. Talvez fosse a atmosfera, mas o ataque estava subitamente me assustando. Glitchlett nunca havia sido machucado por nenhum Pokémon selvagem, apenas por esse ataque. Não era nem como se ele tivesse se machucado por confusão ou por rechaço... o que quer que tivesse ferido e “matado” ele tinha estado no subsolo o tempo todo, esperando, tirando a vida de Glitchlett toda vez que eu o mandava atacar. Seu som de morte ecoava em meus ouvidos enquanto eu percebi o que tinha feito. Meu polegar deslizou em cima do botão A, meu cérebro me forçando a usar DIG e sair da caverna, mas meu estômago estava mal. O que estava lá embaixo, afinal?
Eu estava preso, sem escolha. A saída estava muito longe, meus Pokémon restantes iriam ser destruídos se eu tentasse chegar lá. Com um nó na garganta, eu usei DIG, e meu sprite começou a girar para dentro da terra e a tela ficou preta.

Eu não fiquei surpreso quando percebi onde estava. Não era a entrada na caverna, ou mesmo o Centro Pokémon mais próximo, mas uma caverna bugada que agora eu percebo que era um tipo de verão modificada da Diglett’s Cave. Eu chequei meus Pokémon, e vi que a vida de Glitchlett havia sido restaurada. Ele agora era o meu único Pokémon, os outros 5 membros do meu time tinham desaparecido completamente. Escolhi DIG de novo. Professor Carvalho me passou um sermão – aparentemente, aquela não era a hora de usar aquilo.
Sem meio de escapar, eu comecei a procurar a saída. Meu sprite se movia lentamente, mais um rastejo do que um andar, e enquanto eu me movia, as paredes da caverna se modificavam, ficando vermelhas, flexionando e inchando para dentro e pra fora como os pulmões de um monstro. Lentamente, música começou a tocar, aguda e distorcida e horrível, era baixa no início, mas ficava mais alta a cada passado. Enquanto tocava, algo ficou familiar – uma melodia familiar embaixo da notas modificadas. Sem pensar, eu comecei a fazer com a boca as palavras que acompanhavam a música.
“Diglett-dig, Diglett-dig, Trio Trio Trio... Diglett-dig, Diglett-dig, Trio Trio Trio...”

Então, eu encontrei um Pokémon.
“A Wild Dugtrio Appeared!”
Uma música distorcida de batalha começou, e o Dugtrio nível 255 apareceu bem em frente aos meus olhos. Seu som era um terrível grito que se tornou uma crise de rangidos antes de parar. O sprite do Dugtrio, como o Glitchlett, era deformado – os três rostos do Dugtrio tinham buracos no lugar dos olhos, modificados em círculos pretos pixelizados que pareciam, de alguma forma, dolorosos. A parte de baixo do sprite era irreconhecível – parecia que seis braços deformados e com garras estavam se levantando da terra ao redor do corpo do Dugtrio. Meu único Pokémon foi lançado e as costas de Glitchlett apareceram. Seu som tocou, mais baixo e parecendo mais fraco.

Eu era só um peso agora que o game tinha tomado o controle – selecionando um ataque do menu. Claro, DIG era a única opção. Minhas mãos estavam suando enquanto eu apertava o Gameboy mais forte – minha respiração estava quente na tela. Dugtrio foi primeiro.
“Dugtrio used Scratch!”
Acertou seis vezes, cada uma arrancando um som digno de pena do meu Pokémon. Glitchlett foi deixado com uma linha de vida enquanto revidava com um ataque próprio.
“Diglett used Struggle!” Quase não machucou o Dugtrio, como esperado, mas era estranho como DIG nunca tinha perdido PP antes.
Como antes, o jogo selecionou o próximo ataque. Quase ATTACK foi escolhido, eu percebi que Glichlett, subitamente, não tinha ataques. Duas palavras apareceram onde os primeiros dois ataques deveriam estar.
NO HOPE. (Sem esperança)
O som de Dugtrio ecoou de novo enquanto começava uma série de arranhões com seus horríveis e fatais braços. Glitchlett foi morto depois do primeiro acerto.
“Diglett is Dead. Do you want to continue?”

Eu não entendi direito a pergunta, mas isso não importou. NO foi selecionado por mim, e a batalha desapareceu. De volta ao mundo, as paredes se incharam e modificaram diante dos meus olhos, e a música enlouquecedora começou de novo. Eu dei uma olhada em Glitchlett. Seu sprite tinha mudado, ainda que seu rosto nunca estivesse visível, parecia ter se tornado um grito pixelado, como o de Dugtrio. Marcas de cor marrom-escuro passavam pelo sprite – se pareciam com marcas de garras, ou sangue.
Continuei. Eu não sabia o que estava pensando nessa altura – só que esse pequeno Pokémon tinha infectado meu jogo de um jeito muito maior do que esperado. Pokémon de glitch pareciam errados para mim então, como se fosse algo com o qual eu não deveria mexer – algo que não entendíamos ou não podíamos controlar.
Sem Pokémon restantes, eu fiquei surpreso por não ter “desmaiado” ou sido transportado para um Centro Pokémon. O jogo continuou “normalmente”. Só pude dar alguns passos antes de que o tema de encontrar um Pokémon tocasse e a tela ficasse preta.
“A Wild Dugtrio Appeared!”
O sprite desse Pokémon era diferente do último – quase completamente desfigurado. O som parecia não ter fim, gritando e grunhindo enquanto um monstro pixelado aparecia na tela. Através dos glitches e pixels fora de lugar, eu podia distinguir a cavidade vazia de 8 olhos, 8 terrível mãos com garras e uma boca aberta.

Sem Pokémon sobrando, o sprite do meu treinador encarou o glitch.
Bem diante dos meus olhos, a tela desapareceu enquanto as bateria do meu Gameboy acabavam. O que quer que tivesse acontecido havia me deixado aterrorizado. Naquela noite, eu não dormi. Eu até tirei o jogo do agora falecido Gameboy, mesmo não sabendo o que isso pudesse ter feito.
Alguns dias depois, eu liguei o game. Eu não tinha salvado durante o que tinha acontecido, então eu retornei ao meu último save point. Glitchlett era o primeiro do time, DIG seu único ataque.
Eu pensei por um momento, antes de abandonar o jogo para sempre e começar do zero."

Ah, como eu gosto desse aqui... Por que será, eu imagino.
Talvez seja porque eu também tenha um Pokémon especial de glitch...

2 comentários:

  1. Boa época esta da nintendo, só tinha 151 pokemons, Lavender era assustadora.
    Não deu medo mas é bem interessante, e a imagem do pikachu ta foda.

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  2. Realmente, ainda mais com essa história sobre Lavender que rola pela Interwebz.
    E, pois é... O difícil agora é achar um creepypasta que faça jus ao creepy. :/

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